terça-feira, 26 de novembro de 2013

A DOMÉSTICA PETULANTE

Jõ Drumond
Minha amiga Vicentina procurava por uma doméstica para serviços gerais, em sua residência. Publicou um anúncio no jornal e agendou algumas entrevistas. Uma das candidatas foi assaz impertinente. Com ares arrogantes, de “nariz em pé”, antes de saber quais seriam as tarefas diárias foi logo expondo suas exigências:
─ Veja bem minha senhora! Eu só trabalho oito horas por dia, nem meio minuto a mais, com uma hora de repouso para a sesta. Não faço serão, nem mesmo remunerado. Não trabalho aos sábados, domingos, feriados, nem em dias santos. Na manhã de segunda feira, não lavo vasilhas sujas, usadas no final de semana. Não me peça para cuidar de crianças; não é minha praia. Não gosto tampouco de lavar, nem de passar. Isso é serviço extra, para lavanderia. Posso me encarregar da cozinha e da casa, mas preciso de uma faxineira uma vez por semana para a limpeza pesada.
Impressionada com a petulância da candidata, Vicentina aguardou pacientemente o final da explanação, e com seu habitual bom humor lhe perguntou:
─ Minha filha, você sabe tocar piano?
─ Não, não sei!
─ Então você não poderá trabalhar em minha casa. Doméstica, aqui, tem que saber tocar piano.

Desconcertada, sem saber o que dizer, como se diz na roça “com cara de tacho”, a exigente candidata foi logo se dirigindo à porta de saída, sem nem mesmo se despedir.

*Jô Drumond (Josina Nunes Drumond)
Membro de 3 Academias de Letras
 (AFEMIL, AEL, AFESL) e do 
Instituto Histórico (IHGES)